"E Deus amou o mundo de tal maneira, que entregou o seu filho unigênito, para que todo aquele que nele crer, não pereça, mas tenha a vida eterna" João 3.16

Ano Novo Missionáro

30 de dezembro de 2014


Como iremos comemorar a chegada de 2015? Como você gosta de celebrar o início de um novo ano? E como será para os missionários nos campos? Por regra, pensamos que todos celebram como nós, e que no dia 31 de dezembro à noite todos estarão festejando a chegada de 2015.
Orientador Estratégico-Pastoral da JMM para o Leste Europeu


Mas nos campos missionários não é bem assim. Afinal, há muitos calendários vigentes no mundo. Na China, por exemplo, o ano novo só chegará em 19 de fevereiro e não será 2015, mas 4713, ano do cavalo. Entre os judeus, o ano novo ocorre por volta de setembro, e eles já estão no ano 5771. Os muçulmanos contam os anos em um calendário lunar a partir da fuga de Maomé para Medina e vão para o ano 1436, que no nosso calendário começará em 5 de novembro de 2015, mas não será festejado porque não é festa oficial. Na Índia, há três datas para o ano novo, conforme se está no sul (março), no norte (outubro) ou entre o povo tâmil (abril). Ou seja, ano novo não é a mesma coisa no mundo todo, e podemos mesmo dizer que a grande maioria do planeta não festejará a nossa data.
Esse entendimento deve nos ajudar na compreensão missionária em vários níveis. Comecemos por reconhecer que o mundo ao qual missionamos é diferente do nosso. Essa diferença é ao mesmo tempo um grande desafio e uma grande oportunidade. A bênção original deixada a Abraão era para todas as famílias da Terra, e Jesus nos enviou a todas as etnias.
Essa diferença deve nos despertar para a necessidade de adaptação. Nosso esforço missionário vai acontecer em regiões do mundo onde o obreiro vai lidar com aspectos da cultura que nunca imaginou sequer existirem. Terá que se adaptar, entrar no contexto, aprender língua e conceitos, uma nova visão do mundo e da vida. Essa adaptação não pode ser forçada e nem rápida. Não há missão sem encarnação, e esta leva tempo, paciência e uma boa dose de trabalho e bom humor.
Daí que os missionários e a igreja brasileira precisam entender a necessidade da perseverança. No Brasil, ou em boa parte dele, pela graça de Deus, vemos o Evangelho em franco crescimento. Igrejas com centenas de membros não são poucas, e com milhares já não são novidade. Nós nos acostumamos a um ritmo próprio do nosso país e que acontece em muito poucos lugares do planeta. Mas o missionário sai na noção de que vai ver o mesmo nos campos, e a igreja espera (e por vezes exige) que o obreiro tenha os mesmos resultados que acontecem em casa. Não vai ser assim. E a igreja desanima, o missionário desanima, e a obra não se faz.
Mas nada na vida se faz sem perseverança. Nada de valor se obtém sem continuidade, e o obreiro tem que se aplicar e tem que permanecer. É tão triste ver que o missionário brasileiro é por vezes conhecido como “fogo de palha”. Muito entusiasmo, muita animação, muitas ideias, mas pouca paciência e pouca perseverança e pouco trabalho duradouro. Jesus disse que daríamos frutos que durariam. Para isso acontecer nos campos tão diversos onde estamos, há que perseverar.
E aqui entra a igreja de modo especial com sua oração. O missionário precisa de oração para sua adaptação ao campo, para uma contextualização bíblica e saudável, para um trabalho frutífero e alegre, mas precisa de oração contínua para perseverar. A igreja é que sustenta as cordas, e não o pode fazer só por uns meses, mas por anos a fio, diligentemente e com a noção clara da sua importância. Ano novo missionário é ano novo em oração por aqueles que em culturas distintas levam a mensagem mais preciosa que existe, a do Evangelho de salvação.
Pr. Joed Venturini